Wallace Santos, estrela do paratletismo, mira o topo: “Quero bater o recorde e ser campeão mundial”

Campeão paralímpico em Tóquio, carioca do clube da PMERJ se prepara para novas competições fora do Brasil em 2023

Wallace Santos comemora com a medalha de ouro nos Jogos de Tóquio em 2021 (Foto: Alex Davidson/Getty Images for International Paralympic Committee)
Wallace Santos comemora com a medalha de ouro nos Jogos de Tóquio em 2021 (Foto: Alex Davidson/Getty Images for International Paralympic Committee)

Por Guilherme Faber (@fabergui) e Matheus Brum (@matheustbrum)

Carioca, 38 anos, paratleta de arremesso de peso do “Projeto Renascer, Servir e Proteger”, do clube da PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro) e da Seleção Brasileira, Wallace Santos já está com agenda “lotada” para o mês de março com as competições da 1ª Fase nacional de Atletismo do Circuito Loterias Caixa e do Open Internacional de Atletismo.

A fase nacional vai durar de 25 a 26 de março, e o Open vai acontecer de 30 de março até primeiro de abril. Ambos os torneios serão realizados na cidade de São Paulo no Centro de Treinamento Paralímpico. O propósito do circuito nacional é aprimorar o nível técnico de cada modalidade para que desponte novos valores de diversas modalidades.

O Open é encarado como forma de teste para as competições internacionais. O Para pan-americano de Santiago está agendado para 17 de novembro. Wallace atendeu a reportagem do Yahoo Esportes com exclusividade, admitiu que essas competições em curto espaço de tempo não mudam em nada na sua preparação e lida muito bem com os objetivos traçados para 2023.

“Não muda em nada para mim. São as duas primeiras do ano. As competições internacionais são lá para frente, pretendo começar o ano ‘voando’ porque há o Mundial e Para Pan. Então, já estou treinando bem para fazer boas marcas nos dois campeonatos”, respondeu o competidor.

Questionado sobre o nível de concorrência dentro do Brasil, Santos admitiu que o nível da sua classe F-55 (cadeirante) no país é baixo em comparação com os adversários que encontra em outros países.

“Infelizmente no Brasil posso dizer hoje que os meus adversários estão um pouco abaixo de mim. O meu foco é mais Mundial. Vejo como os estão os atletas de fora não menosprezando os atletas brasileiros. Acredito que por eu treinar e sempre querer estar crescendo já aumentei o ‘sarrafo’ e a galera não conseguiu me acompanhar”, disse Wallace.

A capital francesa Paris foi definida como sede do Mundial paralímpico de atletismo de 2023 pela FFH (Federação Francesa de Handisport) e Comitê Paralímpico da França. Este torneio vai acontecer de 8 a 17 de julho de 2023 dentro do Estádio Charlety.

Além de Santos, o Brasil se junta a esta oportunidade para manter o nível do seu retrospecto. A delegação brasileira participou da edição de 2019 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e conseguiu o segundo lugar no quadro-geral de medalhas no total de 39: 14 de ouro, nove de prata e 16 de bronze.

“O foco é ser campeão porque eu sou recordista mundial, mas não sou campeão. Então, é o único título que me falta. Eu estou focado, venho treinando desde o ano passado, tirei férias em novembro, mantenho a forma na academia e só descansei um pouco”, afirmou.

Estar no topo

É o nível de competitividade que tornou-se comum na carreira de Wallace, que foi o número 1 do ranking mundial em 2021 e em 2022 apareceu em segundo lugar. Outro dado no seu currículo é o recorde na Paralimpíada de Tóquio 2020 quando atingiu a marca de 12,63 metros.

Esse feito resultou não só na conquista da medalha de ouro, mas na “quebra” do antigo recorde mundial da prova, que pertencia ao búlgaro Ruzhdi Ruzdhi com 12,47m. Santos obteve esse índice na sexta tentativa de arremesso e ao seu lado no pódio estiveram o próprio Ruzhdi no segundo lugar e o polonês Lech Stoltman em terceiro com o resultado de 12,15m.

“Deus fez tudo certo para que eu conseguisse bater o recorde lá em Tóquio. Então, é tudo na vontade de Deus. Agora eu quero aproveitar as duas coisas para fazer em uma só de bater o recorde e ser campeão mundial”, manifestou o arremessador de peso.

Derrota em casa serviu de lição

O atual prestígio de Wallace é o contraste daquilo que enfrentou nas Paraolimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. O paratleta foi para a sua primeira paraolimpíada depois de resultados expressivos no Brasil. No entanto, nos Jogos acabou arremessando 9,19m, terminando em 9º na classificação geral.

"Eu falo que em 2016 foi um aprendizado. Eu não sei se seria campeão, mas dava para conseguir uma medalha ou uma colocação melhor. Dentro da minha casa, minha família e falhei em um momento que não poderia falhar. Foi um mix de aprendizado com frustração e ali me ajudou a crescer. O começo de tudo foi ali", concluiu.