UE pode barrar exportação de doses da vacina contra covid da AstraZeneca
A União Europeia ameaçou impedir as exportações de vacinas contra a covid-19 do laboratório AstraZeneca enquanto a empresa não cumprir seu contrato de fornecer as doses que um acordo com Bruxelas estipulava. Mas a medida abriu uma crise entre a Europa e países em desenvolvimento, que dependem da exportação dos imunizantes.
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, usou um discurso nesta terça-feira (26) no Fórum Econômico Mundial para denunciar o “nacionalismo de vacinas” e alertar aos países ricos que não abandonem mais da metade do mundo.
"Precisamos que aqueles que acumularam as vacinas liberem as vacinas para que outros países possam tê-las", disse Ramaphosa, que é o presidente ainda da União Africana.
"Os países ricos do mundo adquiriram grandes doses de vacinas dos fabricantes dessas vacinas e alguns países foram além e adquiriram até quatro vezes mais do que sua população precisa. E isso teve como objetivo acumular essas vacinas. E agora isso está sendo feito com a exclusão de outros países do mundo que mais precisam disto", denunciou.
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A AstraZeneca fechou acordos com dezenas de países pelo mundo, entre eles o Brasil. Como sua vacina é mais barata e mais fácil de ser transportada, foram priorizadas pelos países em desenvolvimento.
A ameaça acendeu o alerta entre os países em desenvolvimento na Organização Mundial de Saúde (OMS), que querem garantias de que serão abastecidos. Além disso, o gesto foi considerado na ONU e na agência mundial de saúde um sinal de que a guerra pelas vacinas pode se transformar em uma guerra comercial e prejudicar as relações entre governos.
A tensão na União Europeia começou depois que a empresa britânica indicou que não teria como cumprir seu calendário de fornecimento de 100 milhões de doses da vacina no primeiro trimestre aos países europeus.