Roberto fez cinco gols e derrotou a Fla-Fiel na volta ao Vasco, em 1980
SĂO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A noite de 4 de maio de 1980 foi a mais especial da carreira de Roberto Dinamite por alguns motivos. Ele mesmo sempre reconheceu isso.
"Foi o jogo da minha vida", admitiu o histĂłrico atacante do Vasco, morto neste domingo (8), vĂtima de cĂąncer no intestino, aos 68 anos.
Diante de 107.474 torcedores no MaracanĂŁ, ele fez cinco gols na goleada da equipe carioca sobre o Corinthians por 5 a 2, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.
A partida ficou na histĂłria como o seu retorno ao Vasco depois de passagem fracassada pelo Barcelona-ESP. ExperiĂȘncia que ele considerou traumĂĄtica. Recebeu poucas chances e, com a mudança de tĂ©cnico e a chegada do argentino Helenio Herrera, viu-se marginalizado no elenco. O Ășnico jeito foi voltar ao Brasil.
Apesar do que ficou na memĂłria de vĂĄrios torcedores, a goleada sobre o Corinthians nĂŁo foi o primeiro jogo de Dinamite na segunda passagem pelo Vasco. Ele havia atuado, dias antes, contra o NĂĄutico, no EstĂĄdio dos Aflitos, no Recife. O confronto no MaracanĂŁ marcou seu reencontro com a torcida que o viu nascer como profissional, em 1971. Foi quando ganhou o apelido que o consagrou.
Roberto é o maior artilheiro da história do Vasco (622 gols) e o principal goleador do Campeonato Brasileiro (190). Fez parte da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1978 e 1982.
Foi a primeira vez que anotou cinco vezes na mesma partida, e contra um Corinthians que havia sido campeĂŁo paulista no ano anterior, liderado por SĂłcrates.
"O Corinthians tinha um grande time: SĂłcrates, Amaral, Vladimir, Jairo, ZĂ© Maria... Foi um dia que deu tudo certo. A Ășnica vez, dentro de um clĂĄssico, um grande jogo. Ficou marcado e guardado para o resto da vida", disse ele para o site oficial do Vasco.
Foi a noite também em que Roberto derrotou duas torcidas de uma vez. Naquela data, aconteceu rodada dupla no Maracanã. Antes do Vasco e Corinthians, o Flamengo havia derrotado o Bangu por 3 a 0. Parte dos rubro-negros ficou no Maracanã para torcer contra o clube de São Januårio, criando o que a imprensa chamou de Fla-Fiel.
"NĂŁo teve jeito para eles. SaĂmos para o abraço", divertiu-se Dinamite.
O Flamengo poderia ter sido a casa de Roberto, uma transferĂȘncia que o teria colocado lado a lado no ataque com seu amigo Zico.
Quando soube do interesse do jogador em voltar para o Brasil, o presidente da equipe da GĂĄvea, MĂĄrcio Braga, foi a Barcelona fechar negĂłcio. A pressĂŁo da torcida do Vasco, ao saber das tratativas, fez com que o entĂŁo diretor Eurico Miranda, que depois seria desafeto de Dinamite, fosse a Espanha para atravessar as conversas.
"SĂł voltei para o Vasco porque o Flamengo foi lĂĄ", admitiria anos depois.
Dinamite aceitou, diante do interesse, retornou para casa e teve seu maior momento na carreira contra o Corinthians.