Richarlison tenta igualar Ronaldo e quebrar jejum que dura 20 anos
HĂĄ muito tempo o Brasil nĂŁo via em uma Copa do Mundo um atacante que reunisse tantas qualidades para ser artilheiro e tambĂ©m se transformar em Ădolo pela histĂłria escrita na competição. Irreverente, Richarlison tem unido o grupo desde o inĂcio da competição por conta de sua simplicidade e carisma, conseguindo incluir atĂ© mesmo o tĂ©cnico Tite na brincadeira da dança do pombo.
De jeito humilde, mas sem abrir mĂŁo de um discurso positivo e confiante, o capixaba de Nova VenĂ©cia nĂŁo tem medo de dizer que Ă© o camisa 9 que âfedeâ a gol, que vai buscar a artilharia. Com trĂȘs gols marcados em trĂȘs jogos, dois a menos que MbappĂ©, da França, ainda sonha em repetir Ronaldo, Ășltimo brasileiro a ser artilheiro de uma Copa, em 2002, com cinco gols. A meta, segundo o atual camisa 9, Ă© fazer seis gols.
O FenĂŽmeno interagiu com o centroavante em seu canal apĂłs a goleada sobre a Coreia do Sul e o fez tremer e chorar. Richarlison nĂŁo imaginava que encontraria o Ădolo apĂłs o jogo:
â Sem palavras, fiquei emocionado. Ele Ă© meu Ădolo, uma inspiração.
Assim como Ronaldo, Richarlison Ă© dono de uma explosĂŁo fĂsica e capacidade de finalização muito boa. HĂĄ semelhança ainda na voz mansa, sorriso amarelo e cabeça baixa quando nĂŁo estĂĄ em campo. Se nĂŁo tem o mesmo talento nato de Ronaldo com a bola nos pĂ©s, Richarlison empresta ao time outras qualidades. Ă comum ouvir os demais jogadores dizerem que a consistĂȘncia defensiva do sistema criado por Tite começa por ele. NĂŁo citam os atacantes, citam âoâ atacante.
Em campo, fica claro como essa obediĂȘncia tĂĄtica influencia no tipo de jogo da seleção. Em vĂĄrias situaçÔes, Richarlison Ă© o responsĂĄvel por retornar ao campo de defesa para fechar espaços, enquanto Neymar e Vini Jr. ainda estĂŁo em movimento de recomposição. Contra a Coreia, o camisa 9 por vĂĄrias vezes dominou a bola recuperada pela defesa e levou o time ao ataque, sobretudo com a vitĂłria encaminhada.
A dedicação e a capacidade fĂsica sĂŁo outros fatores que causam boa impressĂŁo e afastam qualquer possibilidade de que outro jogador tenha chance de barrĂĄ-lo nesta Copa do Mundo. No momento da convocação, Richarlison vinha de lesĂŁo no Tottenham, e havia uma comoção para o aproveitamento de Pedro, em boa fase no Flamengo. O centroavante rubro-negro teve chance no amistoso contra a TunĂsia e fez gol. Entretanto, para o esquema principal do Brasil, Richarlison nunca foi ameaçado de fato.
Gabriel Jesus era a segunda opção e teve oportunidade contra CamarÔes, mas não só passou em branco, como não conseguiu se contagiar por esse comportamento coletivo. Pedro entrou no segundo tempo, quando a equipe jå estava desorganizada e pressionada para conseguir a vitória, e também não ofereceu muito além de uma finalização por cima da trave.
Diante da Coreia, Richarlison teve duas oportunidades, e acertou as duas no gol, marcando uma vez. No jogo contra a SuĂça, o mais difĂcil de todos atĂ© agora, apareceu pouco no ataque, com apenas uma chance de finalizar, mas esteve presente no esquema consistente que evitou qualquer perigo do adversĂĄrio. Na estreia, nas duas chances que teve, fez dois gols. Um deles, um voleio que o fez cair nas graças do pĂșblico brasileiro logo de cara.