Maia diz que Bolsonaro mentiu sobre motivo da não expansão do Bolsa Família: 'Fala igual aos extremistas bolsominions'
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (18) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mentiu e que o governo federal é responsável por não expandir o Bolsa Família — o 13º do programa — e disse que Bolsonaro tem discurso igual ao de “extremistas bolsominions”.
"O episódio, mais um episódio ocorrido no dia de ontem [quinta-feira], quando infelizmente o presidente da República mentiu em relação a minha pessoa. Aliás, muita coincidência, a narrativa que ele usou ontem, com a narrativa que os 'bolsominions' usam há um ano comigo em relação às MPs que perdem validade nessa casa. É a mesma narrativa”, afirmou Maia, em discurso no plenário da Câmara.
Maia deu a declaração após Bolsonaro acusá-lo, nesta quinta-feira (17), de não colocar em votação o pagamento da 13ª parcela do Bolsa Família, ou seja, de ser o responsável pelo não pagamento do salário aos beneficiários do programa.
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Como presidente da Câmara, cabe a Maia o comando das pautas de votação da Casa. Mas para Maia, a articulação para retirar o texto de pauta mostrou que é o governo que não quer votar a expansão dos programas sociais.
"É a mesma narrativa. A narrativa que eu deixei caducar a Medida Provisória do décimo terceiro [do Bolsa Família] não vem de hoje. Peguem as redes sociais dos extremistas bolsominions que você vai ver: 'Rodrigo Maia derruba e caduca Medida Provisória do 13º do Bolsa Família”, continuou o presidente da Câmara.
Pagamento do 13º do Bolsa Família
A 13º cota do benefício era uma promessa de campanha de Bolsonaro e foi paga apenas em 2019 por meio de uma MP (Medida Provisória). Durante a tramitação no Congresso, o relator da matéria, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), propôs que a parcela extra fosse estabelecida para todos os anos seguintes.
A medida, porém, perdeu a validade em 25 de março, quando estava na pauta da Câmara dos Deputados e ainda seguiria para o Senado.
Nesta sexta, antes de usar o discurso para dar uma resposta a Bolsonaro, Maia decidiu colocar em pauta uma MP que prorrogou o pagamento do auxílio emergencial, incluindo nela o pagamento do 13º do Bolsa Família em 2020.
Se for aprovada, a medida pode custar R$ 8 bilhões aos cofres públicos e não havia sido votada anteriormente a pedido do Ministério da Economia Paulo Guedes.
Retaliação ao governo Bolsonaro
De acordo com o G1, aliados do Planalto consideraram a decisão de Maia uma retaliação à declaração do presidente e passaram a articular a retirada da matéria de pauta para evitar desgaste político para o governo.
"Eu precisava fazer o meu discurso para resguardar a imagem desta Casa e da minha presidência. Porque amanhã a narrativa vai deixar de ser do 13º do Bolsa Família, e ele vai dizer que fomos nós que acabamos com o auxilio emergencial porque não votamos a MP", afirmou Maia.
Por fim, Maia disse que Bolsonaro não assume a responsabiliade de dar “o norte do nosso país”.
"Se o presidente da república tivesse tido coragem, podíamos estar discutindo o 13º do Bolsa Família aqui hoje, podíamos estar discutindo a expansão do auxílio emergencial aqui hoje."
Além disso, o presidente da Câmara coloco toda responsabilidade sobre Bolsonaro. "Se hoje o governo não consegue promover uma melhora no Bolsa Família para esses milhões de brasileiros que ficarão sem nada a partir de 1º de janeiro, a responsabilidade é exclusiva dele [Bolsonaro], que tem um governo que é liberal na economia mas não tem coragem de implementar essa política dentro do governo e principalmente dentro do Parlamento."
O Palácio do Planalto disse que não vai comentar as declarações de Maia.