Liminar suspende lei que autoriza prefeito de SP a criar cargos comissionados na Educação
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma decisão liminar suspendeu lei que autorizava o prefeito Ricardo Nunes (MDB) a criar cargos comissionados para atuar na Secretaria Municipal de Educação.
A criação de 15 cargos, com salários de até 13 mil, foi aprovada na terça-feira (21) pela Câmara de São Paulo. O projeto de lei era uma das prioridades do prefeito e foi criticada até mesmo por vereadores de seu partido.
Para o desembargador Cláudio Antonio Soares Levada, os cargos criados são inconstitucionais por serem desprovidos de funções de efetiva chefia, assessoria ou gestão. A liminar suspende os efeitos da lei.
Segundo a decisão, a secretaria já possui servidores concursados para atuar nessas funções. [Os cargos] aparentam ser meramente burocráticos, técnicos e operacionais e não de efetivo assessoramento, direção ou chefia. Não se vislumbra a necessária relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado.
A decisão acolhe pedido liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade, impetrada pelo diretório municipal do PSOL. O partido diz que os cargos, além de não exigirem formação ou experiência na área, custariam mais de R$ 210 mil ao mês aos cofres públicos e são um desrespeito com os aprovados em concurso.
Seriam contratados cinco subsecretários e 10 assessores, com salários de R$ 10 mil a R$ 13 mil. Eles iriam atuar na gestão da educação.
Na terça, quando o projeto foi votado, a base do prefeito justificou as contratações como necessárias para manter uma máquina com orçamento bilionário como o da Secretaria Municipal de Educação.
Os cargos criados para livre nomeação exigiam apenas ensino superior, sem especificar a área. A crítica feita na Câmara era de que o formato permitia ao prefeito acomodar aliados.
Ao justificar o voto contrário ao projeto, o vereador Delegado Palumbo (MDB) disse que o prefeito está preocupado em criar cargos para ajudar os amigos dos amigos.
Antes mesmo de integrar o Executivo paulista, ainda como vereador, Nunes já tinha influência conhecida nas creches terceirizadas na zona sul da capital paulista. Essas entidades prestam contas à Secretaria da Educação.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que irá prestar as informações necessárias ao Judiciário, "de modo a afastar a suspensão determinada, que é apenas provisória."