MPF denuncia líder da Máfia da Merenda em SP por fraude a licitações
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou por fraude a licitações o ex-presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) Cássio Izique Chebabi, um dos pivôs da chamada Máfia da Merenda em São Paulo. Chebabi é acusado de burlar editais para o fornecimento de produtos destinados à alimentação escolar entre 2013 e 2014 em Bebedouro, no interior do estado, onde a Coaf está sediada.
De acordo como MPF, declarações de ex-funcionários da Coaf comprovaram que Chebabi era o principal responsável pelo esquema na entidade. O ex-presidente da cooperativa poderá ser condenado à pena de 2 a 4 anos de prisão, além do pagamento de multa, segundo prevê o artigo 90 da Lei 8.666/1993.
O sistema ilegal funcionava da seguinte forma: a Coaf beneficiava-se da dispensa de licitação e se disponibilizava a fornecer alimentos oriundos da agricultura familiar para firmar os contratos. Mas, a maior parte dos itens entregues acabava vindo de indústrias e grandes centros de distribuição, com preços acima dos praticados no mercado e sem vinculação com pequenos produtores.
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Para simular o cumprimento das exigências legais e viabilizar as irregularidades, a cooperativa realizava cadastros falsos de agricultores da região, com Declarações de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAPs) preenchidas sem o conhecimento dos titulares.
Em depoimento aos investigadores, produtores, cujos dados foram utilizados, negaram ter fornecido os alimentos à Coaf na época. Outros deles afirmaram ter entregue quantidades muito inferiores às indicadas nos registros da cooperativa.
De acordo com o MPF, as fraudes cometidas pela cooperativa na cidade do interior paulista foram as mesmas adotadas em outros municípios da região e em chamadas públicas lançadas pelo governo do estado de São Paulo.
As investigações que resultaram na denúncia contra Chebabi tiveram início com a Operação Alba Branca, deflagrada em 2016 pelo Ministério Público de São Paulo. A continuidade das apurações e o julgamento das fraudes a licitações couberam à esfera federal por envolverem recursos provenientes da União, que financia o fornecimento de merenda em estados e municípios por meio de repasses do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).