Hoje gestor, Antônio Lopes relembra carreira de técnico e ‘decepção’ antes da Copa de 2002

Antônio Lopes durante sua passagem pelo Botafogo em 2017 (Marcello Dias/Futura Press)
Antônio Lopes durante sua passagem pelo Botafogo em 2017 (Marcello Dias/Futura Press)

Por Bruno Soares

Campeão brasileiro, da Copa do Brasil, da Libertadores e também do mundo. Antônio Lopes deixou a vitoriosa carreira de treinador em 2011 para ser gestor. Com passagens marcantes por Vasco, Atlético-PR, Corinthians e muitos outros clubes, o agora ex-técnico quer exercer uma função fora das quatro linhas na carreira e deixar espaço para treinadores mais novos.

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“Cheguei a uma certa idade em que achei que deveria dar vez para os treinadores novos. Inclusive, meu filho está para aparecer nessa safra de treinadores que estão bem. Preferi ficar trabalhando em algo que gosto. Larguei algo que deveria ter largado mesmo. Já estou com uma certa idade e pra evitar falação também pela idade, ser chamado de velho”, disse em entrevista ao Yahoo Esportes.

E a nova função não é novidade para Antônio Lopes, que já a exerceu no título da Copa do Mundo da seleção brasileira em 2002 e também em trabalhos no Atlético-PR e no Botafogo recentemente.

“Saí de treinador está em algum tempo. Migrei para esta função de gestor de futebol. Trabalhei no Atlético-PR, trabalhei no Botafogo também. Terminei o curso de gestor ministrado pela CBF. Estou bem habilitado para desempenhar a função. Já havia feito um curso de gestão no centro do Rio de Janeiro. Depois resolvi fazer esse da CBF, muito superior, um curso de excelência. Aprendi muita coisa para desempenhar essa função”.

De olho no mercado de treinadores e nas constantes trocas do futebol brasileiro, Antônio Lopes vê como natural a falta de paciência com quem está começando e afirma que a cultura do futebol pouco ajuda novatos na área. “É a cultura do futebol brasileiro. Desde a época de 80 é assim. Sempre foi assim. Treinadores perdiam três, quatro jogos e são demitidos. Isso é normal e não vai mudar. E tanto faz treinador jovem, quanto treinador mais cascudo”, disse.

Paizão de “bad boys”

O lado gestor de pessoas de Antônio Lopes é um trunfo pra função que deixa exercer, vide que nos tempos de técnico teve uma das missões mais ingratas pra gerir pessoas: lidar com duas das personalidades mais quentes do futebol brasileiro, e em um momento que não se topavam.

O ex-técnico sempre foi conhecido pelo jeito de conciliador e pela facilidade de lidar com estrelas no futebol. Exemplos claros foram as experiências no Corinthians de 2005 com Tevez, Carlos Alberto, Nilmar e cia. Mas a “prova decisiva” de Lopes foi lidar com a dupla Romário e Edmundo no Vasco, em 2000. E o que para muitos seria uma tarefa difícil, para ele foi fácil.

A tática de Lopes, no momento em que os dois não se davam bem, era a de mostrar sinceridade e que ter boa relação com um não significava tomar partido do outro. Era deixar bem claro que trabalhava em prol do time, que precisava da dupla.

“Foi fácil trabalhar com eles, porque soube lidar com esses tipos de jogadores. Sempre respeitei esses jogadores, usando sempre de sinceridade, de honestidade. Minha maneira franca de trabalhar. Isso fez que eu tivesse muito sucesso para dirigir jogadores de muito sucesso. Como o caso do Felipe, do Dener. Nunca tive problema nenhum com eles porque sempre conversava muito com eles. Até hoje, tanto Romário quanto Edmundo, achavam que fui paizão”, afirmou.

Alegria e decepção na Copa de 2002

Antônio Lopes fez parte da comissão técnica da seleção brasileira vencedora da Copa do Mundo de 2002. O título foi inesquecível, mas ele também revela uma frustração por não ter sido chamado para ser o técnico da equipe no mundial da Coreia e do Japão.

“A princípio quando fui chamado pelo Ricardo Teixeira, era técnico do Atlético-PR, pensei que ele havia me chamado para ser o treinador, tinha saído o Vanderlei e o interino era o Candinho. Mas quando cheguei, ele me pediu para comandar o futebol da CBF. Ele falou que eu seria o presidente da comissão técnica, iria estruturar o futebol da CBF, até a base. Na época até sofri um pouquinho, mas como não tinha participado de uma Copa do Mundo trabalhando, então decidi aceitar. Aí chamei a primeira vez o Leão, mas ele não deu sorte e depois o presidente convidou o Felipão após o fracasso da Copa das Confederações de 2001”.