Governador do Amazonas vai misturar grávidas com infectados de covid
O governo do Amazonas vem sendo alvo de críticas pelo plano de usar o Instituto da Mulher e Maternidade Dona Lindu para atender pacientes com covid-19 em Manaus.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mário Viana, afirmou que a utilização da unidade de saúde pode gerar uma onda de infecções para as mulheres grávidas atendidas no local.
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O estado do Amazonas já tem mais de 200 mil casos da doença. O número de mortes passa de 5.200. Na quinta-feira (31), Manaus teve um novo recorde de internações, com 124 pacientes internados em um dia, número maior do que o registrado no pico da pandemia em maio.
O governador Wilson Lima anunciou que a maternidade está sendo preparada para abrigar 46 leitos clínicos e 13 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) voltados para atendimento de pacientes com covid-19. A previsão é de que os novos leitos comecem a funcionar ao longo da próxima semana.
"Recebi a notícia de que um andar do Instituto da Mulher vai ser fechado para receber apenas pacientes com Covid. E é paciente clínico, homem, mulher sem estar grávida, sem nada. Isso vai ser um foco de infecções dentro da maternidade. A gestação já é algo de risco para a doença. Por mais que se isole um andar, será um risco para os profissionais e pacientes que estão na unidade", criticou o presidente do Simeam em entrevista ao G1.
Ele explicou que o correto seria isolar os pacientes com a doença em um único hospital e montar uma unidade de campanha ao lado. Viana argumenta também que os erros cometidos pelas autoridades durante a primeira onda da covid-19 no Brasil não podem ser repetidos.
"O princípio básico para tratar doença infecciosa é isolar os pacientes que estão contaminados. O Governo teve tempo de se planejar, mas não aprendeu a lição. Os prontos-socorros já estão sobrecarregados com outras doenças. As pessoas vão ficar com medo de vir. Vão ficar em casa e não vão morrer de Covid, mas de outras coisas, em suas casas. Não se pode cometer o mesmo erro que se cometeu na primeira onda", afirmou o presidente do sindicato.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas informou que o governo tem empreendido todos os esforços para a ampliação do número de leitos na rede estadual de saúde.