Estrelas da WNBA deixam o basquete de lado para combater as injustiças raciais
Os assassinatos de Breonna Taylor e George Floyd em março e maio, respectivamente, desencadearam um movimento mundial na busca por igualdade e justiça racial. Atletas de vários esportes aproveitaram a paralisação dos campeonatos por conta da pandemia para aderir às manifestações. Aos poucos os esportes voltam ao normal, mas para Renee Montgomery e Tiffany Hayes, estrelas da WNBA, o basquete não é o mais importante neste momento. As jogadoras do Atlanta Dream anunciaram há algumas semanas que não jogarão a temporada 2020 da liga, que começou no 25 de julho, para ajudar na busca pela reforma da justiça social.
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Renee, 33, foi a primeira jogadora a anunciar sua decisão de não jogar e desde então tem buscado formas de conscientizar e educar as pessoas sobre o racismo sistêmico presente no mundo inteiro. “Fui a primeira, mas não a última”, falou a jogadora em entrevista ao Yahoo Esportes. “Muitos jogadores da WNBA e da NBA se sentem da mesma forma que eu, mas jogarão a temporada. Estejamos na bolha ou não, todos temos o mesmo objetivo. Aqueles oito minutos e 46 segundos mudaram a América”, disse ela em referência ao vídeo da morte de George Floyd, sufocado pelo policial Derek Chauvin com o joelho.
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Em meio a pandemia do novo coronavírus, a WNBA teve de adaptar e encurtar a temporada 2020. Assim como na NBA, as atletas da liga feminina foram à Flórida para a bolha formada no complexo da IMG Academy. A temporada, que começou no dia 24 de julho, terá 22 jogos por time e se encerrará em outubro após os playoffs.
As duas atletas do Atlanta Dream não conseguiram se concentrar no basquete após as mortes de Taylor e Floyd, por mais difícil que fosse ignorar a ansiedade para voltar às quadras. “O basquete é uma distração para a luta da qual estamos focados”, falou Tiffany. “Quando LeBron James pega uma bola de basquete, ninguém mais se preocupa com Breonna Taylor. Isso é triste. Acredito, sim, que alguns jogadores(as) contribuirão para a luta com os nomes (das vítimas) nas camisas, mas acho que se você pratica esportes, não tem escolha a não ser manter a atenção no que é importante”.
Na WNBA desde 2012, esta será a primeira vez que Hayes desfalca o Atlanta Dream por uma temporada inteira. Enquanto é desfalque dentro das quadras, ela assume o protagonismo no lado de fora em busca da reforma da justiça social. “Venho mantendo as pessoas informadas sobre as coisas que acontecem no mundo e são varridas para debaixo do tapete. Este mundo foi construído com base na supremacia branca, especialmente as leis. É por isso que as minorias sempre lutam para ter sucesso aqui na América”, disse a atleta.
Hayes e Montgomery seguem o exemplo de Maya Moore, com quem jogaram na Universidade de Connecticut e que largou o basquete temporariamente em 2019 para ajudar a revogar a condenação de Jonathan Irons, um homem negro preso injustamente há 22 anos e condenado a 50. Ele foi solto no início deste mês após a justiça anular sua condenação por roubo e agressão.
A conquista de Maya fora das quadras é uma grande inspiração para as suas ex-companheiras de faculdade, que veem uma grande possibilidade de mudança na sociedade mediante as intensas manifestações do Black Lives Matter. “Estudei inquietação civil neste país ao longo da história e desta vez é diferente. Digo diferente porque não são apenas os negros que lutam pela igualdade, muitas culturas têm se juntado ao movimento”, disse Renee.
Montgomery criou em janeiro deste ano a Renee Montgomery Foundation, uma fundação sem fins lucrativos que busca impactar positivamente a vida das pessoas através do esporte, principalmente o basquete feminino. A fundação arrecadou doações para levar água aos manifestantes no auge dos protestos em prol do “Black Lives Matter”.
É dessa forma que as jogadoras buscam atuar durante o período que estão fora do basquete. Não apenas com palavras, mas com ações que, além de promover o movimento, ajudam e dão força aos negros na sociedade. “Devemos manter esse movimento forte até conseguirmos uma mudança real nos Estados Unidos”, falou Hayes.
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