Defesa prepara recurso para soltura de Daniel Alves em Barcelona
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - A advogada espanhola de Daniel Alves, Miraida Puente Wilson, redigiu um recurso em que pede a liberdade provisória do jogador. A expectativa era que o documento fosse entregue à Justiça espanhola ainda nesta segunda-feira (23). Alves é acusado de estuprar uma jovem de 23 anos em uma boate de Barcelona no dia 31 de dezembro. Ele nega.
A informação foi passada à Folha pela equipe do jogador, que não deu detalhes a respeito das argumentaçÔes do recurso. A equipe nega que Alves tenha solicitado a oportunidade de dar novo depoimento à Justiça e também que tenha trocado de advogado na Espanha.
Em entrevista concedida Ă TV Record, Ney Alves, irmĂŁo de Daniel, disse preferir o advogado AndrĂ©s Marhuenda MartĂnez. Ney repetiu suas opiniĂ”es em um programa da rede espanhola Telecinco. Mas, segundo a assessoria do brasileiro, os irmĂŁos nĂŁo se falam hĂĄ anos e Ney nĂŁo tem nenhum poder de decisĂŁo.
A equipe conta ainda com um advogado brasileiro, que chegou a Barcelona no såbado, ao lado de Dinorah Santana, ex-mulher, mãe de dois filhos e atual sócia de Daniel Alves, e do empresårio do atleta, Fransérgio Ferreira.
Na manhĂŁ desta segunda, Alves foi transferido da cela que ocupava no mĂłdulo reservado aos detentos em processo de entrada.
Da Brians 1, ele passou à Brians 2, no mesmo complexo penitenciårio que fica na periferia à noroeste de Barcelona. Na Brians 2, as celas são individuais ou duplas, e o prédio abriga menos detentos que a Brians 1.
Segundo o depoimento da vĂtima, que vazou para a imprensa, ela renunciou ao direito de pedir uma indenização em dinheiro como forma de compensação pela agressĂŁo. Seu objetivo, diz, Ă© ter justiça e fazer com que Alves pague com a prisĂŁo.
No domingo, a notĂcia de que Alves e a vĂtima haviam ficado 16 minutos no banheiro da boate foi um baque para a equipe do brasileiro, que se apegava a outra informação divulgada anteriormente: a de que o tempo passado pelos dois dentro do banheiro da ĂĄrea VIP era de apenas 47 segundos.
Outro problema foram as mudanças de versĂ”es de Daniel Alves, que inicialmente havia dito que nunca vira a vĂtima. Depois disse que a viu e que ela tinha se jogado em cima dele. Ele justificou que manteve a primeira versĂŁo para proteger a jovem. Mais tarde, pressionado, finalmente admitiu que houve relação sexual, mas que ela foi consensual.
O DEPOIMENTO DA MULHER QUE ACUSA DANIEL ALVES
O que ocorreu na boate, segundo a jovem de 23 anos disse à Justiça:
Antes das 2h - A vĂtima, sua prima e uma amiga chegam Ă boate Sutton Barcelona.
2h - Daniel Alves chega com um amigo e sobe para uma ĂĄrea VIP.
Entre 2h e 3h - As moças conhecem rapazes mexicanos, que as convidam a subir para a årea VIP deles. Elas aceitam.
Por volta das 4h - Um garçom se aproxima das mulheres e diz que um cliente as convida Ă ĂĄrea deles. A princĂpio, elas rejeitam o convite, mas o cliente insiste e o garçom diz que se trata de "um amigo".
Elas vĂŁo atĂ© lĂĄ, mas nĂŁo reconhecem o jogador de futebol. Depois, os rapazes mexicanos dizem de quem se trata. Daniel Alves diz a elas que joga petanca, um esporte muito parecido com a bocha, no clube LÂHospitalet.
Alves e seu amigo oferecem taças de cava (espumante espanhol) Ă s jovens. "Imediatamente ele começou a flertar com nĂłs trĂȘs, grudando muito em nĂłs e nos tocando."
O jogador se coloca atrĂĄs da vĂtima, que descreve assim a situação: "Estava me dando nojo. Por trĂĄs, ele pegou minha mĂŁo, colocou no pĂȘnis, e eu tirei."
4h22 - O jogador aponta para uma porta e ordena que ela o siga e entre. Ela diz que achava se tratar de outra ĂĄrea VIP, mas era um banheiro.
Ali dentro Alves se senta no vaso sanitĂĄrio e a puxa para cima dele. Ele pede que ela diga que Ă© "sua putinha".
Sem sucesso, ele a joga no chĂŁo e tenta obrigĂĄ-la a fazer sexo oral. Ela resiste e leva uma bofetada.
Em seguida, o jogador a levanta, vira a vĂtima de costas e a penetra "violentamente atĂ© ejacular". "Eu resisti, mas ele era muito mais forte do que eu."
Alves se veste e diz: "Vou sair primeiro". Segundo as cĂąmeras da boate, eles ficam 16 minutos no banheiro.
Pouco antes das 5h - Dez minutos depois de sair do banheiro, o jogador deixa a boate. Nesse momento, a vĂtima começa a chorar e conta o que aconteceu Ă amiga e Ă prima. Elas buscam um segurança do lugar, que chama a polĂcia.
Daniel nĂŁo Ă© encontrado.
A vĂtima Ă© atendida no Hospital ClĂnic.
Dois dias depois, ela vai Ă delegacia abrir a denĂșncia.