Covid-19: Prefeitos pedem 'providências imediatas' a Bolsonaro diante da falta de oxigênio e 'kit intubação'
Frente Nacional de Prefeitos, a FNP, enviou ofício ao Ministério da Saúde pedindo providências imediatas para falta de insumos para intubação
O "kit intubação" tem, entre outros itens, remédios para anestesia, sedação e relaxamento muscular. Itens essenciais para atender pacientes com sintomas graves da Covid-19
Representantes dos laboratórios já disseram ao governo que não dão conta de atender a demanda em curto prazo e sugeriram que o ministério importe esses remédios
A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) enviou, nesta quinta-feira (18), um ofício ao Ministério da Saúde pedindo "providências imediatas" do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) para suprir a falta de oxigênio e medicamentos para sedação de pacientes com Covid-19 intubados, o chamado "kit intubação".
A falta de insumo e aumentos de internações estão sendo registradas em municípios de todo o Brasil. Dados das secretarias municipais de Saúde mostram que, em vários estados, os estoques públicos de medicamentos para intubação estão em níveis críticos e podem acabar nos próximos 20 dias.
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O "kit intubação" tem, entre outros itens, remédios para anestesia, sedação e relaxamento muscular. Itens essenciais para atender pacientes com sintomas graves da Covid-19.
Segundo o documento, publicado pelo G1, o governo federal pode tanto atuar na compra de medicamentos, como também tem a condição de determinar o redirecionamento de insumos e produtos para cidades que enfrentam o problema.
De acordo com a FNP, prefeitos e prefeitas pedem por uma atuação imediata do governo federal para evitar que "as cenas trágicas e cruéis recentemente presenciadas em Manaus, no Amazonas, não se repitam em outras cidades brasileiras."
"Não é razoável que pessoas, cidadãos brasileiros, sejam levados à desesperadora morte por “afogamento” no seco, ou que sejam amarrados e mantenham a consciência durante o delicado e doloroso processo de intubação e depois na sua longa permanência", diz trecho da nota.
A FNP reúne às 412 cidades com mais de 80 mil habitantes, o que abrange todas as capitais, e representa 61% da população brasileira. A entidade tem liderado a criação de um consórcio público para a compra de vacinas por municípios.
Falta de insumos e colapso na Saúde
Segundo apurou o G1, no Pará, os 12 hospitais da rede estadual só têm estoque para mais 15 dias. No Paraná, os bloqueadores neuromusculares são suficientes para apenas dois dias; sedativos e analgésicos só para mais uma semana.
A situação no estado da região sul do país é tão extrema que, nesta quinta-feira (18), o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), afirmou que Manaus irá enviar 200 cilindros de oxigênio para para o estado ainda hoje.
No Distrito Federal, o presidente do Conselho Regional de Medicina alertou para o baixo estoque de antibióticos e sedativos na rede pública. Segundo o G1, o dia começou com estoque zerado de dois remédios: o propofol, que é um anestésico geral de curta duração; e o vecurônio, relaxante muscular, que serve para facilitar a introdução do tubo na traqueia.
Laboratórios pedem para ministério importar remédios
O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga já foi informado da situação. Segundo fontes ouvidas pelo Jornal Nacional, representantes dos laboratórios já disseram ao governo que não dão conta de atender a demanda em curto prazo e sugeriram que o ministério importe esses remédios.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também comentou, nesta quinta-feira (18), a situação em uma rede social.
"URGENTE! Brasil tem estoque de medicamento para intubação para pouco mais de 2 semanas. E O GOVERNO SABE", escreveu no Twitter.
Maior colapso sanitário da história do país
Além disso, a situação é crítica também em relação aos leitos de UTI. Entre as 27 unidades da federação, 24 estados e o DF estão com ocupação de leitos de UTI acima dos 80%. Entre esses estados, 15 tem ocupação maior que 90%. Roraima (73%) e Rio de Janeiro (79%) são as únicas duas unidades da federação com índices mais baixos.
Os dados estão no documento divulgado na terça-feira (16) pela FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz). Segundo a Fundação, o país vive o maior colapso sanitário da história.