Cidade em SP será usada para testar como a CoronaVac impede o contágio pela Covid-19
A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, foi escolhida pelo governo do estado para testar qual a eficiência da CoronaVac no combate ao contágio pelo novo coronavírus. O teste, anunciado pelo governador João Doria (PSDB) nesta segunda-feira (8), pretende descobrir qual o efeito da vacinação em massa no controle da pandemia.
“Até agora, testamos a eficácia da CoronaVac contra a doença. Agora, vamos testar a eficiência da vacinação. De uma forma bem simples, esse teste serve para determinar qual o efeito da vacinação em massa sobre a evolução da pandemia”, explicou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
O objetivo do Instituto Butantan e dos pesquisadores responsáveis pelo estudo é descobrir qual o efeito da CoronaVac, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Butantan, em um ambiente não controlado como o dos testes clínicos que garantiram a aprovação para seu uso emergencial.
O estudo começará no próximo dia 17 e envolverá a vacinação voluntária de 30 mil habitantes de Serrana. O município tem cerca de 45 mil moradores e está localizado próximo a Ribeirão Preto. O término da imunização em Serrana está previsto para o início de abril.
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De acordo com Dimas Covas, o teste pretende avaliar como a vacinação em massa de uma população afetará a transmissão da doença, a redução do uso do sistema de saúde, se ocorrerá ou não a chamada “imunidade de rebanho” e outros efeitos indiretos, como o impacto na economia e a circulação de pessoas.
“É um estudo inovador nesse sentido, o primeiro do mundo”, afirmou Dimas.
COMO VAI FUNCIONAR O ESTUDO?
Para compreender o efeito da vacina na cidade, a população foi dividida em quatro áreas: cada uma delas começará a vacinação com uma semana de diferença. Com isso, os pesquisadores esperam acompanhar o comportamento dos casos entre a população vacinada e a população não vacinada.
“Vamos começar a vacinação por uma região e dar um intervalo de 7 dias para vacinar a região seguinte. Durante esse intervalo, vamos acompanhando como a epidemia reage. Montamos um sistema de viligância ativa e vamos controlando o que vai acontecer: número de casos, número de testes positivos, número de internações, número de consultadas. E vamos comparar esses números entre as regiões”, explicou Dimas Covas.
A escolha da cidade se deu por Serrana ser um município pequeno, mas com fácil acesso ao sistema de saúde em Ribeirão Preto e no Hospital Estadual de Serrana.
Além disso, outro fator que pesou na escolha é o fato de o município ser uma cidade-dormitório, isto é, a maioria de seus habitantes trabalha em outras localidades da região, o que aumenta a possibilidade de transmissão.
Dessa vez, o objetivo não é o cálculo da eficácia da vacina, mas qual o impacto dela na população em geral. Na prática, a população de Serrana funcionará como um espelho de toda a população do estado e do país.
“Esse estudo vai permitir nos dar a resposta de o que vai acontecer com a epidemia com uma vacinação em massa. A epidemia vai ser controlada? Não vai ser controlada?”, questionou Dimas.
As vacinas reservadas para a cidade sairão do lote específico para o estudo clínico e não do lote encaminhado para uso no Plano Nacional de Imunização (PNI), destinado para a população em geral, de acordo com as regras de grupos preferenciais. Embora a vacinação não seja obrigatória, haverá um número de doses suficiente para a imunização de cerca de 39 mil pessoas.