Anfitrião de festa para Arthur Lira com mais de 300 pessoas é reu por fraude tributária
O empresário catarinese Marcelo Perboni, anfitrião da festa da vitória do novo presidente da Câmara Arthur Lira (Progessistas-AL) que reuniu cerca de 300 pessoas em sua luxuosa casa no Distrito Federal durante a pandemia do coronavírus, é acusado pelo Ministério Público (MP) de se apropriar ilegalmente de R$ 3,8 milhões.
Segundo o órgão, o produtor e comerciantes de frutas é denunciado por fraudar a fiscalização tributária ao omitir receitas relativas a saídas de mercadorias.
“Marcelo Perboni, na condição de beneficiário dos lucros da atividade empresarial, apropriou-se de créditos de ICMS vedados pelo ordenamento jurídico, inserindo-os indevidamente em documentos e livros fiscais”, apontou o MP.
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De acordo com o jornal Estadão, Perboni recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para trancar o caso, mas a liminar foi negada. O empresário é réu em ação penal.
Mas o advogado Marcelo Bessa, que defende o comerciante, disse ao jornal que o crédito tributário já foi pago e que a ação aguarda um desfecho na Justiça. “Estamos discutindo o débito, mas os valores já estão integralmente depositados, com juros e correção”, afirmou.
Procurado, a assessoria de Lira disse ao jornal Estadão que o presidente da Câmara “não foi responsável pela organização do evento”.
A amiga de Daniela Perboni, mulher do empresário, a deputada Celina Leão (Progressistas-DF), ainda disse que pediu a casa para abrigar a festa por ser um espaço amplo e arejado.
Festa com ministros e desafetos de Bolsonaro
O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), eleito presidente da Câmara dos Deputados na segunda-feira (1º), festejou a vitória com aliados em uma festança em mansão do Lago Sul com comida e bebida à vontade e música ao vivo. Aguardado para comemorar a vitória do aliado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não compareceu, mas ligou para Lira para dar os parabéns.
A comemoração foi até as quatro horas da manhã e uniu figuras carimbadas do Centrão, militantes bolsonaristas e desafetos de Jair Bolsonaro, como a deputada Joice Hasselman (PSL-SP). Amigo do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Alexandre Baldy, secretário de Transportes de São Paulo, também prestigiou Lira.
Estavam presentes Fábio Faria, ministro das Comunicações, e Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política e alvo de constantes críticas de Lira e aliados nos bastidores, apesar de ter liderado no Planalto as negociações de cargos e emendas para interferir no processo eleitoral da Câmara. Também compareceram os secretários especiais de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o de Pesca, Jorge Seif.
Apesar da pandemia, havia centenas de convidados em um salão e praticamente ninguém usava máscara. Alguns poucos optaram pelo acessório com o símbolo de Arthur Lira.
O clima era de êxtase, já que Lira ganhou a eleição com 302 votos, em primeiro turno. O novo presidente da Câmara, no entanto, dizia que esperava ter chegado a 330 votos. Festejado por políticos de diversos matizes, Lira prometeu que vai conversar com todos, incluindo Rodrigo Maia.
Os convidados se refestelaram com camarões, paella e massas sortidas no buffet. Nas palavras de um integrante do governo presente na festa, se o adversário Baleia Rossi (MDB-SP) tivesse ganhado a eleição, "todos estariam de máscara".